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Obesidade: uma questão de genética?

Atualizado: 3 de mai. de 2019


A prevalência da obesidade tem aumentado a um ritmo alarmante em todo o mundo nas últimas décadas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a obesidade é descrita como uma “epidemia global”. Uma das principais causas apontadas para esta tendência são os fatores genéticos, mas será que podemos responsabilizar os nossos genes por esta epidemia?

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a obesidade raramente é causada apenas pelos nossos genes. A obesidade resulta de uma relação sinérgica entre os nossos genes e fatores ambientais.


Formas raras de obesidade causadas por mutações num único gene (obesidade monogénica)


As formas mais raras de obesidade resultam de mutações espontâneas num único gene, denominadas de mutações monogénicas. Estas mutações foram descobertas em genes que desempenham papéis essenciais no controlo do apetite, na ingestão de alimentos e na homeostase energética.


Genes promotores de obesidade num mundo promotor de obesidade

Na maioria das pessoas, a predisposição genética para a obesidade é de origem poligénica, ou seja, resulta da ação conjunta de vários genes. Por si só, a genética tem pouco impacto no desenvolvimento da obesidade sem a presença de fatores ambientais promotores.


Um estudo demonstrou que o consumo de alimentos não saudáveis pode interagir com os genes associados à obesidade, evidenciando a importância de reduzir o consumo destes alimentos em indivíduos geneticamente predispostos à obesidade. Este estudo reforça a ideia da associação existente entre dieta, genes e obesidade.


Os fatores genéticos identificados contribuem em parte para o risco de obesidade, contudo a adoção de um estilo de vida saudável pode neutralizar esta predisposição genética.


Interações gene-ambiente: a hereditariedade não é destino


É improvável que as alterações genéticas justifiquem a rápida disseminação da obesidade em todo o mundo, pois estas alterações são demasiados lentas para serem apontadas como uma causa.

Se os nossos genes permaneceram os mesmos, o que mudou nas últimas décadas para o aumento da taxa de obesidade?

Ocorreram alterações no nosso ambiente e estilo de vida que afetaram o nosso consumo e gasto energético.

Apesar da maioria das pessoas poder apresentar alguma predisposição genética para a obesidade, esta predisposição só se torna relevante quando conjugados com fatores ambientais promotores, tais como:

  • Elevada disponibilidade e ingestão de alimentos

  • Diminuição acentuada da atividade física durante o trabalho, atividades domésticas e tempos de lazer

  • Aumento do tempo sentado em frente a monitores/telemóveis ou outras atividades sedentárias

  • Aumento da ingestão de alimentos altamente processados e de elevada densidade calórica

O estilo de vida e o ambiente em que vivemos têm mais impacto do que os nossos genes.

A contribuição dos genes para o desenvolvimento da obesidade é pequena, enquanto que a contribuição do meio ambiente é enorme. Os genes podem determinar quem está mais predisposto, mas é o ambiente que determina quem se torna efetivamente obeso.

É por isso que os esforços de prevenção da obesidade devem concentrar-se na mudança dos hábitos alimentares e no estilo de vida.


Tratamento da Obesidade

Se têm obesidade procure a ajuda de um profissional especializado. Dependendo do seu Índice de Massa Corporal (IMC), existem vários tratamentos disponíveis, tais como as terapias medicamentosas, as terapias endoscópicas bariátricas e a cirurgia bariátrica.

As terapias endoscópicas bariátricas são uma nova linha de tratamento de obesidade que incluem os balões intragástricos (normal e ajustável) e gastroplastia endoscópica (método Apollo e método POSE). Estas técnicas endoscópicas são menos invasivas que a cirurgia bariátrica e proporcionam em média uma perda de peso de 20%-25% do peso total.



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